sábado, 14 de maio de 2011

FEITAS CHUVAS

Elas caminham
Em nossos céus cheios de infinitos
São nuvens das lágrimas
De nossos destinos

Vasculham os azuis
Desmaiam cansadas sobre o mar
Sobre a terra

Adentram os caminhos das serras
Das árvores
Das folhas
Das pétalas

Deixam-se levar pelos rios do adeus
Das partidas das vidas
Das partidas das horas esguias
Das auroras

E segredam aos ventos que as destinam
O aroma dos teus hálitos
A suavidade de teus beijos
A profundidade de teus olhos
O consolo de teus braços
O conforto de teus seios

Elas caminham
Minhas nuvens amanhecidas

Brancas para o mundo
Mas para mim
Coloridas de um verão profundo
Onde renascem minhas esperanças

Criam formas
Por elas passam voos
Passam ondas
Passam luzes
Passam universos de rimas

E minhas saudades que são feitas de chuvas
Ao dia se declamam pro Sol
E à noite se desabafam pra lua

Gigio Jr (Alvoradas-2011)

DOMINGOS SEM ESTEIOS


Domingo de sol
Pelo ar ameno da manhã
A música espalha-se

Ouço um sonhar
Vindo com os ventos
Nem as horas que passam
Aliviam

Nem o descanso dos dias
Nem a idéia de rever o campo

Domingo de pássaros
Você perto do mar
Longe de minhas ondas
Que espumam em ruídos

Ah... que serão das tardes viçosas
Sem teus lírios
Sem tuas rosas
Sem teus bosques?

Que será de mim?

Estou sem as rimas dos sonetos

Esqueci-me em alvoradas livres
Esqueci-me em ti

Ah... Pelas tuas praias entre brisas
Naveguei como os domingos
E te perdi...
No mar alto de teus desejos febris

Estou sem versos

Mas a música espalha-se

Uma triste canção
Inunda minhalma
Com saudades de teu porto
Agora inacessível
Aos teus anseios...

Ah domingo sem esteios...

Gigio Jr (Alvoradas-2011)

sábado, 7 de maio de 2011

MÃE!


Do antigo lar relembro teus desvelos:
O cuidado com coisas que eram nossas;
Relembro os teus suores e os teus zelos,
O sorriso que sempre nos remoça...

A tua luz de sacrifícios doces
Lá no tanque de roupas eu repenso,
Lá na cozinha dos cafés e almoços,
Lá no quarto dos meus sonhos suspensos...

Também teus filhos têm filhos agora,
Mas teu amor inda vibra em nossas horas,
Entre regaços, beijos e alegrias...

Ah Mãe! Quem te deu tamanhas renúncias,
Donde vêm tuas tônicas pronúncias,
O “Deus te abençoe!” em ternas melodias?...

Gigio Jr (Canções – 2008)

segunda-feira, 2 de maio de 2011

PRECE A MÃE SANTÍSSIMA


Santa Mãe... de todas as mães filhas da vida,
Que estais nos sublimes planos de amor e luz,
Onde os anjos vos servem Rainha preferida,
Atendendo os desígnios do Mestre Jesus...

Olhai pelas mulheres deste triste mundo,
Pelas meninas, jovens cheias de alegria,
Adolescentes donde o ardor, sincero e profundo,
Inda vibra ilusões, sonhos e fantasias...

Mãe Santíssima... amparai as nossas crianças,
Do ataque criminoso da prostituição,
Da fome, do vício e também da escravidão...

Que onde haja as injustiças e desesperanças,
Brilhe, Rainha dos Anjos, a vossa bondade,
Libertando as futuras mães da humanidade...

Gigio Jr (Poemas da Espiritualidade - 2007)

A FÉ


Não pode o homem sem fé compreender
A vida, a luta, a morte e o segredo
Que a “Luz” resguarda para cada ser,
Às tramas da história em seu enredo!

Porque a fé, (claridade e alvorecer),
Alimenta a alma pr’a caminhar cedo,
Em busca da verdade e do saber,
Da esperança, do amor sublime e meigo!

Não pode o homem viver sem uma fé
Calma, humilde, sã, serena e boa;
Que ofereça Deus - que a tudo abençoa!

Porque a existência, tal como ela é,
Reflete a fé em suas magnitudes:
“Mãe singela de todas as virtudes!”

Gigio Jr (Poemas da Espiritualidade - 2000)

domingo, 1 de maio de 2011

CORREDORES DE SANGUE


Corredores de sangue
trilhos do abandono
e da viagem da morte...

Choro e a não conformação...
Crianças famintas
jovens trêfegos
velhos trôpegos
nos guetos
sem hojes e sem amanhãs
e as pálidas mulheres
esquálidas
...suplícios
ante as heróicas forças
que nos revés
da resistência
são presas
amortalhadas
nas sinas selvagens
das estúpidas
guerras...

Oh Paz
que não vem...
nas fronteiras de cada rosto
a indignação
Marcas ...manchas ...medos
flagelos...
O passado que não volta
nos campos
que já não floridos
estão repletos de terror

Onde as camélias?

Ah meus crisântemos
Quantos féretros
e sepulcros!...

E quando a noite chega
a sirene toca novamente
candeeiro na mão
que o sol poente trouxe
os turnos da escuridão...

A lua - assistida pelos montes
e as árvores da solidão
pressagiam num silêncio mouro
Nos poços secos
d’águas
as lágrimas das
nações
invadidas
pelos flancos...

Candeia do coração
longe dos caminhos
que matam a sede
a fome
a revolta
a perseguição...

Fogueiras esquentam
as famílias
Vasilha de barro ao fogo
nos olhos a chama
nos ares o carvão...

E mesmo que o dia
renasça
ardem as fumaças
onde se queimam esperanças

Oh pântanos e lagos...
rios quase secos dos orvalhos
já cansados nas terras da exaustão...

No contínuo vagar ao léu
nuvens cinzentas desenham
a silhueta do povo
Os pássaros não cantam
Ouvem-se torturas
gritos
gemidos
desesperos
vagidos
no seviciar das horas
cruentas
Não há canções...

Há dor ... muita dor
Sangram da mente
do peito
das mãos
do seio
dos pés
da boca
que sem a saliva
fana os lábios
e os beijos ardentes...

Raios...
Troam
São bombas
Infernais
Dragões apocalípticos
de João

Oh aviões!

Enquanto o corpo se arrasta
na lama
na inundação
na destruição
da vida
do sonho
do riso
para a sobrevida
da embarcação dos sistemas

Ah templos
Ah bosques
Ah rumos

Indefinidos chãos
cheios de paralelepípedos
da escravidão

Ah santos
Ah flores
Ah guias

Enquanto houver a mentira
enquanto houver a guerra
enquanto houver a ira
enquanto houver o homem
sem amor
sem paz
sem perdão

Haverá sempre noites tenebrosas...
Corredores de sangue e morte...
Secessão!

Do outro lado ...no norte
do mar
do forte
há férteis plantações
surgem as espigas
brilham os trigais
brotam os feijões
sulcam a terra
vinga o pomar

Do outro lado das cordilheiras
o que parece escassez
é sobremaneira
provisão
de pão

Abundância de alegria
sorrisos de meninas
e dos irmãos

E se chove
é dádiva divina
Todos dançam
cantam
rezam
e agradecem as águas da vida

Oh dor
de minh’alma
que
à beira do lago
na tarde que s’esvai
me
carcome
em sedição...

Sente a lua
inteira
refletida
em pranto
no regaço das águas
que vem das mágoas
das árvores onde
orvalho chorou
chorou
e chorou...

É prece ou súplica
Enlevo?

Oh dor...

Que ninguém te
olhe
nem te escute
Só Deus
só Deus
só...

Gigio Jr (Canções – 2008)

ONDE?


Onde encontraremos,
Depois dos corpos-vermes,
O Sol que brilha suave,
O Mar de ondas calmas,
O remanso do campo verde,
Para que sejamos:
Sempre luzes,
Sempre areias brancas,
Sempre o verde puro?...

Onde encontraremos,
Depois de roupas velhas,
A vestimenta loira das estrelas,
O vaivém dos oceanos,
A limpidez da flor na essência,
Para que sejamos:
Sempre belos,
Sempre “viajores”,
Sempre o perfume?...

Onde encontraremos,
Depois das Primaveras,
O sorriso do céu azul,
O mistério de cada espuma,
A folhagem das matas virgens,
Para que sejamos:
Sempre tranquilidade,
Sempre renovação,
Sempre descobridores?...

Onde encontraremos,
Depois de cada experiência,
O retrato do arco-íris,
Os marinheiros de águas livres,
Os passageiros de voos ingênuos,
Para que sejamos:
Sempre coloridos,
Sempre investidores,
Sempre passarinhos?...

Onde encontraremos,
Depois de cada luta,
A trégua... semblante da Paz,
O descanso em bóios calmos,
A reflexão para a recaminhada,
Para que sejamos:
Sempre a renúncia,
Sempre o real carinho,
Sempre novos seres eternos?...

Onde encontraremos enfim,
Depois de desenlaçados da Terra,
O dia... A aurora... O sonho...;
A praia... O mar...O marinheiro...;
A natureza... O pássaro... O ninho...,
Para que sejamos:
Sempre alegrias,
Sempre os navegantes,
Sempre a liberdade?...

Gigio Jr (Poemas da Juventude - 1985)
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