domingo, 1 de maio de 2011

CORREDORES DE SANGUE


Corredores de sangue
trilhos do abandono
e da viagem da morte...

Choro e a não conformação...
Crianças famintas
jovens trêfegos
velhos trôpegos
nos guetos
sem hojes e sem amanhãs
e as pálidas mulheres
esquálidas
...suplícios
ante as heróicas forças
que nos revés
da resistência
são presas
amortalhadas
nas sinas selvagens
das estúpidas
guerras...

Oh Paz
que não vem...
nas fronteiras de cada rosto
a indignação
Marcas ...manchas ...medos
flagelos...
O passado que não volta
nos campos
que já não floridos
estão repletos de terror

Onde as camélias?

Ah meus crisântemos
Quantos féretros
e sepulcros!...

E quando a noite chega
a sirene toca novamente
candeeiro na mão
que o sol poente trouxe
os turnos da escuridão...

A lua - assistida pelos montes
e as árvores da solidão
pressagiam num silêncio mouro
Nos poços secos
d’águas
as lágrimas das
nações
invadidas
pelos flancos...

Candeia do coração
longe dos caminhos
que matam a sede
a fome
a revolta
a perseguição...

Fogueiras esquentam
as famílias
Vasilha de barro ao fogo
nos olhos a chama
nos ares o carvão...

E mesmo que o dia
renasça
ardem as fumaças
onde se queimam esperanças

Oh pântanos e lagos...
rios quase secos dos orvalhos
já cansados nas terras da exaustão...

No contínuo vagar ao léu
nuvens cinzentas desenham
a silhueta do povo
Os pássaros não cantam
Ouvem-se torturas
gritos
gemidos
desesperos
vagidos
no seviciar das horas
cruentas
Não há canções...

Há dor ... muita dor
Sangram da mente
do peito
das mãos
do seio
dos pés
da boca
que sem a saliva
fana os lábios
e os beijos ardentes...

Raios...
Troam
São bombas
Infernais
Dragões apocalípticos
de João

Oh aviões!

Enquanto o corpo se arrasta
na lama
na inundação
na destruição
da vida
do sonho
do riso
para a sobrevida
da embarcação dos sistemas

Ah templos
Ah bosques
Ah rumos

Indefinidos chãos
cheios de paralelepípedos
da escravidão

Ah santos
Ah flores
Ah guias

Enquanto houver a mentira
enquanto houver a guerra
enquanto houver a ira
enquanto houver o homem
sem amor
sem paz
sem perdão

Haverá sempre noites tenebrosas...
Corredores de sangue e morte...
Secessão!

Do outro lado ...no norte
do mar
do forte
há férteis plantações
surgem as espigas
brilham os trigais
brotam os feijões
sulcam a terra
vinga o pomar

Do outro lado das cordilheiras
o que parece escassez
é sobremaneira
provisão
de pão

Abundância de alegria
sorrisos de meninas
e dos irmãos

E se chove
é dádiva divina
Todos dançam
cantam
rezam
e agradecem as águas da vida

Oh dor
de minh’alma
que
à beira do lago
na tarde que s’esvai
me
carcome
em sedição...

Sente a lua
inteira
refletida
em pranto
no regaço das águas
que vem das mágoas
das árvores onde
orvalho chorou
chorou
e chorou...

É prece ou súplica
Enlevo?

Oh dor...

Que ninguém te
olhe
nem te escute
Só Deus
só Deus
só...

Gigio Jr (Canções – 2008)

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